terça-feira, 29 de junho de 2010

Hertzberger, Jane Jacobs e Intervenção

Há algum tempo atrás, não muito distante dos dias de hoje, na época de nossos pais e avós, se notava uma sociedade completamente diferente da atual, onde hoje em dia só encontramos em cidades de interior e em periferias.

Essa sociedade a qual me refiro, é uma sociedade em que as pessoas ocupam as ruas, tomam conta da cidade, fazendo com que o espaço delas sejam limpos e seguros.


Nos dias de hoje, nas grandes cidades, é comum pais justificarem a não ida deles e dos filhos à rua pela violência, mas quando vão à casa de uma avó que mora no interior permitem que as crianças brinquem na rua com os vizinhos. Isso acontece porque em seus condomínios, as pessoas têm uma relação impessoal com seus vizinhos, às vezes nem os conhecem, e como ninguém freqüenta as ruas do bairro, ele acaba se tornando perigoso por não ter quem vigie a rua, o que acontece ao contrario no interior, onde as pessoas ficam debruçadas nas janelas e conversando nas calçadas, observando o movimento, e “de olho” em qualquer estranho que possa aparecer, ou seja, os próprios moradores fazem a segurança do bairro.


Por isso, o papel de um arquiteto é muito importante no momento que se planeja o espaço urbano e até mesmo ao projetar as residências e os condomínios. O arquiteto pode criar locais que sejam convidativos e ao mesmo tempo dar oportunidade aos usuários de adequarem os espaços aos seus modos de vida. E quando isso acontece, as pessoas passam a freqüentar e cuidar do local, tornando-o limpo e seguro.



O Arquiteto também pode contribuir para essa integração ao se atentar a pequenos detalhes em projetos, como fazer de uma coluna um local que sirva também como assento, para quem estiver em uma conversa por perto poder se sentar e ficar mais à vontade. Projetar varandas que tenham tamanhos que torne possível a permanência de um grupo de pessoas confortavelmente, para que elas possam tem contato com o exterior da edificação e poder observar a rua.


Uma ótima opção para as pessoas se sentirem à vontade em suas ruas e sentir vontade de por elas caminharem, seria em bairros residenciais, as ruas possuírem pouca dimensão, não permitindo o tráfego intenso de automóveis. Sem uma rua cheia de carros as crianças poderiam brincar e as vagas ocupadas por eles poderiam servir para criar espaços de uso para os moradores.


Pensando nisso, foram encomendadas pelos professores Roberto e Cristiano intervenções no bairro Funcionários. O objetivo foi criar uma nova forma de uso para as vagas de carros que ficam estacionados nas ruas. De modo que as pessoas pudessem usar o espaço urbano para se divertir, descansar, descontrair...


Com essa proposta, visávamos causar um impacto nas pessoas em relação ao que o meio urbano está se transformando, para que elas refletissem se era realmente esse tipo de vida que elas queriam para suas famílias, um bairro deserto, onde as ruas são para carros e os vizinhos quase não se comunicam. E mostrar que isso pode ser diferente, seus filhos podem brincar na rua, mesmo que seja sob supervisão dos pais e de babás, os moradores podem colocar mesas na rua ou nas calçadas e jogar baralho para interagirem, podem praticar atividade física enquanto conversam sobre uma coisa qualquer, ou seja, elas podem usar do espaço público para conviver com as demais pessoas e tornarem seu bairro um local cheio de vida e seguro.